sexta-feira, 12 de julho de 2013

Por um mundo com menos sofás


O sofá mais fofo - em qualquer casa - está sempre em frente à televisão.


Um grande homem se foi. Trabalhou sentado. Viajou sentado. Descansou sentado. Quantas vezes não nos sentamos juntos, e ali permanecemos sentados? Aguardo ansiosamente o primeiro enterro de uma pessoa sentada – claramente a posição favorita dos homens. E estarei lá sentado assistindo.

Clamo que todos em plena saúde – começando por mim – coloquem seus sofás nas calçadas, e um caixote em frente à TV.

Prefiro o ‘plim-plim’ dos copos nos bares,
A novela das ruas,
O telejornal dos pedestres.

O destaque de domingo no ‘esporte espetacular’ é minha pedalada até o centro, ou minha corrida à beira da represa. Em loop - não me importo em assistir programas repetidos toda semana.

Por que escolher entre os ‘seis canais telecine’, se caminhando por duas horas na rua, a noite exibe a melhor première – e de exibição única – da programação? Não tem a mesma ação, o mesmo drama, a mesma comédia. Mas tem mais verdade.

Pelo fim da Síndrome de Estocolmo do dia-a-dia. Em que a vítima sorri a quem lhe toma brutalmente o tempo (e mais).

Procuramos as vagas mais perto da entrada, os bancos com atendimento mais rápido, as vias expressas mais livres, para que possamos chegar em casa e ficar mais tempo parados.

E a pizza que pedimos chega em 15 minutos, para que nos outros 45 minutos da hora, não tenhamos mais que esperar pela pizza.

É sexta-feira, e neste fim de semana, me chamem para sentar e comer pizza ou tomar uma gelada (melhor ainda). Mas irei de bicicleta ou a pé, sempre que – e enquanto for - possível.

Prefiro levar 45 minutos de bicicleta, a levar 15 minutos dentro do carro.
De bicicleta ganho meia hora.