Menos de cinco anos de uso, e o freio traseiro já não
funciona mais direito. O ‘alicate’ do freio não volta à posição inicial após a
frenagem. Já troquei o cabo, lubrifiquei, desmontei e remontei, e nada. Os
pedais também já quebraram por duas vezes. Por isso queria uma bicicleta nova.
Queria. Pois não quero mais.
Não quero uma bicicleta que nunca foi comigo pra praia, que
nunca se perdeu comigo em Embu das Artes, que nunca subiu o Pico do Jaraguá.
Não quero uma bicicleta que não tenha – assim como eu tenho
- cicatrizes e marcas do tempo.
Não quero uma bicicleta mais veloz. O que preciso é ter
menos pressa.
Não quero uma bicicleta mais estável. O que preciso é ter
mais equilíbrio.
Não quero uma bicicleta mais bonita. O que preciso é ver
além da aparência.
E, por último, não quero que ela acabe pendurada em um
estacionamento de prédio - cemitério de bicicletas – perdendo totalmente a
utilidade.
Ao comprar um instrumento musical, você não está comprando a
madeira, o metal, ou as cordas com as quais ele é feito, e sim o som dele.
Ao pedir uma pizza, você não irá pagar pelos ovos, farinha,
queijo e tomate dela, e sim pelo alimento e pelo sabor que esta irá lhe
proporcionar.
Então, ao comprar uma bicicleta, você não está comprando-a
fisicamente, e sim comprando aquilo que ela pode lhe proporcionar. Transporte,
lazer, esporte - ou num sentido mais amplo, - liberdade, prazer, adrenalina.
E minha bicicleta ainda me proporciona tudo isso.
Posso mudar de ideia (sem acento agora, na nova regra
ortográfica - que escroto) muito em breve. Afinal, sempre fui um exímio
trocador de bicicleta. E um ainda mais exímio trocador de ideia.
Foram três ou quatro bikes ao longo da minha vida. Mas
agora, nesse exato momento, não me vejo em uma bike nova.
Quero a mesma bicicleta de sempre.
E quanto mais velha ficar, melhor.
2009 - Paranapiacaba |
Tua cabeça faz um planeta, se o teu planeta não te faz a cabeça!
ResponderExcluirAcho que nunca haverá um tempo em que substituir o velho pelo novo não seja doloroso. Ainda mais se tratando de coisas (ou pessoas) que viveram parte de nossa vida conosco.
ResponderExcluirAs coisas (e as pessoas) se definem pelo que se destinam e, realmente não pela aparência ou pela idade.
Muitos bons passeios Porps, com sua velha bicicleta agora em nova configuração!!
Beijos!
ao molde do dono. :)
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