segunda-feira, 13 de maio de 2013

Um Brinde às Bicicletas Velhas


Menos de cinco anos de uso, e o freio traseiro já não funciona mais direito. O ‘alicate’ do freio não volta à posição inicial após a frenagem. Já troquei o cabo, lubrifiquei, desmontei e remontei, e nada. Os pedais também já quebraram por duas vezes. Por isso queria uma bicicleta nova.

Queria. Pois não quero mais.

Não quero uma bicicleta que nunca foi comigo pra praia, que nunca se perdeu comigo em Embu das Artes, que nunca subiu o Pico do Jaraguá.

Não quero uma bicicleta que não tenha – assim como eu tenho - cicatrizes e marcas do tempo.

Não quero uma bicicleta mais veloz. O que preciso é ter menos pressa.

Não quero uma bicicleta mais estável. O que preciso é ter mais equilíbrio.

Não quero uma bicicleta mais bonita. O que preciso é ver além da aparência.

E, por último, não quero que ela acabe pendurada em um estacionamento de prédio - cemitério de bicicletas – perdendo totalmente a utilidade.

Ao comprar um instrumento musical, você não está comprando a madeira, o metal, ou as cordas com as quais ele é feito, e sim o som dele.

Ao pedir uma pizza, você não irá pagar pelos ovos, farinha, queijo e tomate dela, e sim pelo alimento e pelo sabor que esta irá lhe proporcionar.

Então, ao comprar uma bicicleta, você não está comprando-a fisicamente, e sim comprando aquilo que ela pode lhe proporcionar. Transporte, lazer, esporte - ou num sentido mais amplo, - liberdade, prazer, adrenalina.

E minha bicicleta ainda me proporciona tudo isso.

Posso mudar de ideia (sem acento agora, na nova regra ortográfica - que escroto) muito em breve. Afinal, sempre fui um exímio trocador de bicicleta. E um ainda mais exímio trocador de ideia.

Foram três ou quatro bikes ao longo da minha vida. Mas agora, nesse exato momento, não me vejo em uma bike nova.

Quero a mesma bicicleta de sempre.

E quanto mais velha ficar, melhor.


2009 - Paranapiacaba

3 comentários:

  1. Tua cabeça faz um planeta, se o teu planeta não te faz a cabeça!

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  2. Acho que nunca haverá um tempo em que substituir o velho pelo novo não seja doloroso. Ainda mais se tratando de coisas (ou pessoas) que viveram parte de nossa vida conosco.
    As coisas (e as pessoas) se definem pelo que se destinam e, realmente não pela aparência ou pela idade.
    Muitos bons passeios Porps, com sua velha bicicleta agora em nova configuração!!
    Beijos!

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